Das grandes bandas internacionais que sempre gostei e ainda faltava ver ao vivo, o Green Day era uma das poucas que restava. Com certeza eu já não tinha mais a mesma disposição de 2010, quando eles estiveram por aqui pela última vez, mas não conseguiria viver com o fato de ter deixado de lado uma apresentação dos caras, ainda mais em Curitiba, que seria mais perto em relação a Rio de Janeiro ou São Paulo.
A vinda ao Brasil foi confirmada no meio do ano e, com certa hesitação, tentei o credenciamento. Enquanto a resposta não vinha, segui incomodando Makila Crowley para ver se haveria algum espaço no ônibus da excursão, caso a confirmação viesse de última hora. Primeiro tinha, depois não mais.
Porém, quando chegou o e-mail liberando o acesso, Makila deu um jeito, mudou algumas pessoas de lugar e conseguiu um canto pra mim em um dos três veículos que seguiram juntos pra capital paranaense.
Na viagem, sentei com um cara bacana, que se não me engano, tinha o mesmo nome que o meu. Em uma das paradas, encontrei um amigo que toca na Saint Pradier, uma das bandas do movimento BOI. E chegando lá, por volta das 15h, a fila para entrar na Pedreira era, no mínimo, quilométrica.
Passei a multidão na direção da área de imprensa, tivemos que esperar uns 40 minutos, mas depois o acesso foi liberado. Antes de colar no palco, tentei comprar um copo oficial da turnê, mas a Budweiser infelizmente não investiu nessa ação de marketing em Curitiba. Pouco antes das 16h, me posicionei e esperei o início do show de abertura.
Foram pelo menos duas horas de espera até a entrada do The Interrupters, grupo de ska que veio junto na turnê e lembrou bastante o som executado pelo No Doubt no início da carreira deles. No meio disso, vimos além do palco, o Green Day descendo as escadarias ao fundo e foi o suficiente para que o público já renovasse suas energias.
Minutos antes das 19h, tudo pronto e começa a tocar a versão original de “Bohemian Rhapsody”, clássico do Queen que daria o sinal verde para a entrada do trio (quarteto) na Revolution Radio Tour. E depois daqui, não houve mais descanso. Até porque foi hit atrás de hit, abrindo com “Know Your Enemy” e seguindo com os dois primeiros singles do último disco.
Claro que, com as forças que eu ainda tinha, registrei o máximo possível com o telefone. E dei razão para Billie Joe quando ele pediu para que o público não filmasse tanto e que aproveitasse mais o momento que estavam todos passando. Ainda assim, continuei gravando. E a medida com que o show foi passando, até consegui chegar um pouco mais perto.
A banda ficava visivelmente emocionada quando escutava a plateia cantando em coro o refrão de seus sucessos mais comerciais. Teve discurso contra Trump, um medley com “Hey Jude”, “Break On Through” e “I Can’t Get No (Satisfaction)”, além do convite para que um fã subisse no palco, tocasse guitarra em uma parte da música e depois levasse o instrumento pra casa. Foi nesse momento que uma aglomeração ao lado direito me fez perceber que outro amigo estava ali. Guilherme Lopes, líder da banda cover mais aclamada do país, que inclusive se parece bastante com o vocalista, foi levantado pelos parceiros e infelizmente não conseguiu ser escolhido.
Depois das duas baladas do CD mais recente, os músicos descansaram por alguns minutos e voltaram fervendo para o bis com “American Idiot” e “Jesus Of Suburbia”. Mais um momento de pausa e um segundo retorno, agora só com Billie e um violão. Ele toca sozinho “21 Guns” e recebe a companhia dos demais para o ato final, “Good Riddance (Time Of Your Life)”.
Nos últimos acordes, canhões disparam para cima milhares de etiquetas recortadas com o nome da banda em um cenário apoteótico que fez valer a pena aquelas seis horas em pé que quase me travaram a coluna.
Para sair, percebemos o que talvez seja o único defeito da Pedreira pra eventos desse porte. Apenas um portão de saída para milhares de pessoas. E no caminho, muita coisa falsificada a venda. Comprei um copo meio tosco e uma camiseta da turnê. Metros depois, encontrei um copo mais elaborado, mas não tinha mais dinheiro.
Fato é que, nas quase 4h de retorno, o sentimento mais uma vez era de plena realização. Não sei se a idade e o corpo aguentam mais uma dessa nos próximos meses ou anos, mas dependendo de quem vier, vai ter que aguentar. E eu estarei lá pra filmar quase tudo de novo.
SETLIST (Green Day – 05/11/2017) Pedreira Paulo Leminski - Curitiba, PR
Know Your Enemy
Bang Bang
Revolution Radio
Holiday
Letterbomb
Boulevard Of Broken Dreams
Longview
Youngblood
Welcome To Paradise
J.A.R.
Hitchin’ A Ride
When I Come Around
Minority
Are We The Waiting
Saint Jimmy
Knowledge
Basket Case
King For A Day (Garota de Ipanema)
Medley
Still Breathing
Forever Now
American Idiot
Jesus Of Suburbia
21 Guns
Good Riddance (Time Of Your Life)
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