Apesar de já conhecer e gostar do som do grupo há algum tempo, minha relação com o KoRn se tornou bastante intensa ali na virada do século. Não sei se pela melodia, pelas letras, pelo estilo do vocalista, pela gaita de fole ou por todos esses motivos, mas quem entende a mensagem da banda certamente enxerga luz onde muitos outros percebem apenas a escuridão.
Quem me falou que eles estariam em São Paulo naquele ano foi o mesmo amigo que esteve comigo na quase-tragédia do Planeta Atlântida. Compramos os ingressos no pacote da excursão do Makila Crowley e embarcamos em Itapema com destino à capital paulista.
Chegamos pela manhã, acredito que passamos pela Galeria do Rock e pelo prédio da MTV antes de rumarmos para o local do show. Nesse trajeto, a gente já estava a todo custo tentando trocar o nosso ingresso, que seria na bancada superior, no mesmo setor onde lá estive três anos antes com o Red Hot Chili Peppers.
E conseguimos. Mudamos para a pista e assim que abriram a porta, partimos para a frente do palco. E lá ficamos até o início da banda de abertura, que era ninguém menos que o Pavilhão 9.
Naturalmente seria impossível ficar parado. Do local onde eu estava, que costumam chamar de ‘grade’, fui parar metros adiante e não consegui mais encontrar meu camarada.
Até consegui me aproximar mais enquanto os poucos minutos de silêncio separavam uma apresentação da outra. Lembro-me como se fosse hoje que pouco antes de abrirem as cortinas, já dava pra perceber a movimentação dos músicos e a colocação estática de Jonathan Davis segurando o microfone.
Quando começou, não devo ter sido o único a ter pensado: “fodeu”. Quem controlava os movimentos de cada um que ali estava era a própria multidão, já que ninguém ficou parado e o caos que se instalou foi pelo menos dez vezes pior que no ato anterior. E isso durou pelo menos quatro músicas, já que todas eram bastante conhecidas e não permitiam sequer que a gente pudesse respirar direito entre uma e outra. Se criavam uma roda, você estaria nela. Se todos pulavam, você pulava junto. E assim sucessivamente.
Além dos clássicos e dos sucessos que todos conheciam, um dos pontos que me marcou foi a execução de duas músicas menos aclamadas que eu inclusive escutava muito mais que as outras, casos de “Trash” e “Kill You”. A presença de “It’s On” e “Dead Bodies Everywhere” no repertório também foi positiva, já que posteriormente elas deixaram de integrar o repertório.
Nem precisaria dizer que o povo quase se matou quando tocaram “Freak On A Leash” e que depois ergueu os punhos no refrão de “Somebody Someone”, da mesma forma que ainda acontece hoje. Não me recordo o tempo que levou para que a banda voltasse para o bis, mas é dispensável dizer que todos foram ao delírio quando JD voltou para o palco com seu kilt e sua gaita escocesa.
Depois do show, já na parte de fora, parecia até que a gente tinha levado uma surra e ficou ali, parado, com um sorriso no rosto. Enquanto o resto do pessoal caminhava para o ônibus, lembro de ter comprado um moletom vermelho com “KoRn” escrito em branco que, infelizmente, se perdeu nos anos seguintes.
Ainda assim, valeu demais a pena. Até mesmo porque tudo aconteceu exatamente três meses antes do lançamento de ‘Untouchables’, álbum seguinte. Se por um lado, o show não apresentou nenhuma das músicas novas, por outro, trouxe uma sequência que a banda dificilmente repetiria depois disso.
SETLIST (KoRn – 11/03/2002) Credicard Hall - São Paulo, SP
Blind
Twist
Good God
ADIDAS
Divine
Dead Bodies Everywhere
Trash
Clown
Got The Life
Falling Away From Me
It’s On
Make Me Bad
Freak On A Leash
Somebody Someone
Shoots & Ladders
Kill You
Faget
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