Essa história possivelmente começou em 2012, ano em que a Rede Globo estreou o The Voice Brasil em sua programação. Como ele passava aos domingos, sempre antes do futebol, acompanhei algumas edições. Em uma delas, lembro que a apresentação de uma cantora particularmente me chamou a atenção. E fiquei revoltado quando ela subitamente foi eliminada, naquele mesmo dia. Tanto que deixei de acompanhar os programas seguintes.
Dois anos depois, acho que em outubro, Carlão nos avisou que uma amiga de Sapucaia do Sul se apresentaria no Green Pub e convocou os clientes do bar para prestigiar. Eu estava lá, sem sequer imaginar que a pessoa que chegaria era a mesma que havia assistido na Rede Globo tempos atrás.
Sempre acompanhada dos pais, ela deve ter se apresentado na casa pelo menos quatro ou cinco vezes depois daquela. E sempre que ela vinha, tentava agendar pra eles alguma apresentação em Blumenau, para que a viagem ficasse mais rentável. Infelizmente, nenhum produtor se interessou e não quiseram abrir mão das cartas marcadas que eles já tinham na cidade.
Sem contar que naquela primeira noite, ela nos revelou o que realmente aconteceu nos bastidores do The Voice. Sua grande aposta era na releitura de “Salvation”, dos Cranberries. Porém, a produção ‘sugeriu’ que ela a apresentasse nas fases seguintes e fosse com sua releitura de “Eu” do Pato Fu logo na primeira, já que com certeza seria aprovada. Quando ninguém virou a cadeira, ela se deparou com uma explicação estapafúrdia de Lulu Santos e foi eliminada do programa.
Uma pena que o restante do Brasil não viu do que ela seria capaz. No Green Pub, nós vimos. Uma voz sem igual que apenas com violão e percussão ficava muito melhor do que qualquer versão original. Além, claro, da simpatia angelical e das músicas próprias.
Canções que jamais chegariam ao meu ouvido, como “Oitavo Andar”, “Monomania”, “De Todos Os Loucos do Mundo” (Clarice Falcão), “Falso Brilhante” (Chay Suede) e Linda Rosa (Maria Gadú) se misturavam a versões de Cartolas, Wander Wildner, U2, Metallica, Legião Urbana, Capital Inicial, Engenheiros do Hawaii, Cachorro Grande, Dolores O’ Riordan e “Melissa”, do Bidê Ou Balde.
Cada apresentação que ela fazia por aqui gerava novos admiradores, inclusive dentro da BOI (Bandas Organizadas Independentes). Chegamos a discutir algumas vezes a possibilidade de oferecer músicos pra que ela pudesse gravar um disco mais elaborado. Carlão, o Gremista, inclusive já a tinha como a primeira artista de seu futuro selo, caso conseguisse um dia montar um estúdio.
No Rio Grande do Sul, Mell inclusive tentou ensaiar com guitarra, baixo e bateria. Pacote completo, mas a química não aconteceu. Fato que a gente não conseguia entender, já que sempre que ela recebia convidados no meio das apresentações, o resultado, sempre de improviso, era irretocável.
Enfim, tem muitos outros vídeos em uma das playlists desse meu canal no YouTube. Fiquem a vontade para assistir a todos eles, mas não nos responsabilizamos pelas consequências. Antes de se apaixonar, saibam que ela é casada e que tem uma filhinha linda.
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