Nenhum de Nós, 1997
- Dane Souza
- 26 de jul. de 2018
- 2 min de leitura
Atualizado: 31 de jul. de 2018

Com o sucesso do Skol Rock e do show dos Mamonas Assassinas, que ainda perdurava na memória da cidade, Blumenau passou a receber um grande número de apresentações nacionais naquele fim de década.
A tradicional Oktoberfest ainda permitia a vinda de artistas que não tocassem exclusivamente música germânica e o festival que agora seria patrocinado pela Brahma trocava o Moinho do Vale por uma série de atrações ao lado da antiga PROEB.
Nessa época, lembro de ter visto Barão Vermelho e Paralamas do Sucesso, além de Lulu Santos e do maravilhoso Acústico dos Titãs, agendados fora das festas de outubro. Me levaram até pra ver Art Popular no antigo e finado estádio do BEC na Rua das Palmeiras, o saudoso Aderbal Ramos da Silva.
Mas por que o show do Nenhum de Nós foi tão marcante? Talvez por ter acontecido em um teatro, termos sentado perto do palco ou somente pelo doce (e cruel) detalhe ocorrido nos bastidores.
O show, em si, foi ótimo. Não consegui encontrar a lista de músicas que eles tocaram nesta turnê, mas não faltaram clássicos como “Astronauta de Mármore”, “Jornais”, “Camila Camila”, a releitura de “Sangue Latino” e “Ao Meu Redor”, minha preferida até então.
A apresentação fazia parte da turnê de lançamento do disco ‘Mundo Diablo’ e as músicas que invadiriam a rádio nos meses seguintes e colocariam a banda gaúcha em um novo patamar comercial estavam todas ali.
“Obsessão”, “Experiência”, “Vou Deixar Que Você Se Vá” e as patinhos-feios que até hoje são minhas favoritas do álbum, “El Tubadero” e “Flores de Guadalajara”.
Estive lá com dois amigos e assim que terminou a última música, um deles nos puxou para o canto e falou: “Vamos conhecer a banda. Me sigam”. Enquanto todo o público saía pelo lado direito do palco e fazia fila para entrar no camarim, fomos na direção oposta, entramos em um corredor, subimos escadarias, depois descemos e de repente estávamos de frente a uma porta.
Quando abrimos, lá estava a banda, ainda secando o suor da apresentação que tinha recém terminado. Driblamos todo o esquema da produção e ali estávamos, boquiabertos e sem emitir nenhuma palavra.
Foi quando o vocalista Thedy Corrêa tomou a frente e perguntou: “E aí, tudo certo? Querem conversar ou tirar uma foto?”. Trocamos algumas palavras e a banda nem se preocupou com a fila que aguardava lá fora. Todos foram extremamente simpáticos.
Até que chegou o momento da despedida, que seria eternizada em uma fotografia. Ficamos enfileirados com a banda e me posicionei em um dos cantos, ao lado de Thedy. Eram os primeiros artistas que tive a oportunidade de conversar pessoalmente e aquela noite definitivamente aumentou bastante meu interesse na banda.
Por um macabro deslize do destino, ou por sacanagem do roadie que fez o registro (na foto que está no início do texto), percebam o canto vazio em uma das extremidades e a imagem quase cortada na direção oposta.
Eu estava ali, na parte que ficou de fora.
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