Minha saga com o ex-vocalista dos Replicantes teve diversos capítulos nesses últimos anos. E o primeiro deles já foi parcialmente descrito no texto sobre o Psicodália, onde vi seu show em fevereiro de 2014.
No mês seguinte, Wander Wildner anunciou um show no Don Lucchesi, em Blumenau. Estive lá e ainda encontrei um antigo vizinho que há muito tempo não tinha notícias. O músico estava ‘solto’ no bar e fui até ele trocar algumas palavras. Esperei ele terminar de falar com uma menina e quando me aproximei, ele apontou para o palco e falou: “depois”.
E, de fato, a apresentação estava prestes a começar. No repertório, quase todos os clássicos, menos a música que eu mais gostava, a primeira dele trabalhada na carreira solo. Ainda assim, foi um baita evento, já que ele se encerrou com uma versão exclusiva de “Dancing With Myself” que todo mundo por lá já conhecia como “Dançando em Blumenau”. A faixa foi executada na companhia de Gustavo Kaly, responsável também pelo ato de abertura.
No fim do show, aquela sensação boa de que você assistiu um cara que admira e que poderia voltar pra casa praticamente realizado. Já na parte de fora, no caminho para o carro, passei pelo proprietário da casa, que me perguntou o que eu tinha achado da noite. Respondi que foi perfeito e só teria faltado trocar umas palavras com o Wander. Ele se afastou um pouco, apontou para o lado e retrucou: “serve esse aqui?”.
O músico estava sentado na escada e me aproximei para cumprimenta-lo. Foi uma daquelas situações onde a gente fala com a pessoa, mas a pessoa não fala com a gente. Ainda assim, foi muito bacana e tiramos uma foto antes que eu retornasse para casa.
Em julho, ele voltou para cá e dessa vez se apresentou no Green Pub, que ficava bem mais perto de onde eu morava. Descobri que Carlão, o dono do bar, conhecia o sujeito desde a época em que morava em Sapucaia, mas mesmo assim ele continuava sem dar muita atenção para o público que lhe abordava.
A casa estava cheia e o show foi muito bom, como sempre. Ele novamente deixou “A Empregada” de fora, mesmo com vários pedidos do público (que não eram apenas meus). Lembro de ainda ter visto um show dele no Magic Bus, em Porto Belo, mas o gaúcho voltou para o Green Pub no ano seguinte, quando aconteceram diversas particularidades.
Uma delas eu não vi de perto, mas foi dito que ele teria chutado as costas do rapaz que estava cuidando do som. E por mais que a suposta agressão tenha assustado quem estava ali na frente, depois descobrimos que Wander havia pedido desculpas e usou os pés porque estava com as mãos ocupadas.
A segunda foi mais histórica, apesar de nenhum registro. Posso apostar que o ex-Replicante nem se lembra disso, mas em certo momento, Carlão estava em cima do palco e lhe convidou para ser padrinho da BOI (Bandas Organizadas Independentes), movimento autoral que tínhamos criado poucos meses antes.
E ele aceitou.
Em 2016, Wander lançou um projeto de coletânea com regravações de seus sucessos por financiamento coletivo. Participei como contribuinte (e claro que aquela música que eu sempre pedia nos shows não estava no tracklist do disco). Porém, ela veio de surpresa como uma das faixas bônus que os colaboradores receberam por e-mail.
Por essas, por outras e principalmente pela obra, te agradeço Wander. Sei que você não consegue ser alegre o tempo inteiro, mas quem consegue? Não tenho exatamente uma camiseta escrita ‘eu te amo’, mas sempre te admirei muito e continuo torcendo pra que você continue bebendo vinho com boas notícias ou navegando em mares de cerveja nesse mantra das possibilidades.
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